Quando a preocupação é só julgamento disfarçado, você sabe identificar?

Sabe aquele comentário “só querendo ajudar” que, na verdade, mais parece uma facada disfarçada de abraço? Tipo: “Você não acha que está engordando demais? É só porque eu me preocupo com sua saúde…”“Será que esse emprego é bom mesmo pra você? É que eu não quero te ver quebrando a cara…”Ou o clássico: “Você já pensou que pode estar solteira porque está exigente demais?”

Essas frases normalmente chegam carregadas de uma suposta preocupação, mas o tom, o timing e até o olhar de quem diz denunciam: não é cuidado, é julgamento. É opinião não solicitada tentando se esconder atrás de um véu de afeto.

E o pior: muitas vezes, a gente engole isso como se fosse verdade. Fica ruminando. Duvide da própria intuição. Passa a tentar se moldar para agradar vozes que, no fundo, nem conhecem direito a nossa jornada. Já se identificou?

Mas afinal, quem disse que a opinião do outro é mais válida do que o que você sente? Quem colocou o termômetro de bom senso nas mãos dos outros?

Nem tudo que vem com “preocupação” é cuidado

Preocupação genuína é aquela que te ouve antes de te opinar. Que se importa com o teu sentir, não só com o que acha que é certo. Opinião disfarçada de cuidado, por outro lado, vem carregada de controle e expectativa. Vem pra apertar onde já dói.

É por isso que a terapia é tão necessária. Porque, na terapia, não tem plateia. Não tem quem fale de você como se te conhecesse mais do que você mesma. Ali, você aprende a se escutar sem ruídos. A distinguir o que é seu e o que foi colocado aí por medo, culpa ou necessidade de aprovação.

A terapia ajuda a criar um filtro. Um espaço onde você se pergunta: Isso é meu ou é o outro tentando se projetar em mim? Isso me serve ou só está reforçando minha insegurança?

E, aos poucos, você se fortalece. Passa a dizer mais "não", a confiar mais no seu "sim". Passa a colocar na lixeira emocional tudo aquilo que é opinião disfarçada de cuidado — sem culpa, sem drama. Só com liberdade.